A crise que atinge o setor de distribuição de veículos causando o fechamento de concessionárias e demissão de milhares de trabalhadores foi tema de audiências das quais o presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Distribuição de Veículos Automotores e da Mobilidade, deputado federal Herculano Passos (PSD-SP), participou nesta quarta-feira, 18, em Brasília.
O parlamentar e representantes do setor de distribuição apresentaram ao ministro do Desenvolvimento Econômico Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, e ao vice-presidente da República, Michel Temer, a situação do segmento, que representa 5,2% do Produto Interno Bruto nacional. “Com a crise, as distribuidoras tiveram uma queda de vendas muito grande, que chega a 1% do PIB do país. Mais de 800 empresas foram fechadas e quase 27 mil empregados já foram demitidos. Infelizmente as estimativas indicam um cenário ainda pior, que é o fechamento de 1,2 mil empresas até março do ano que vem, com 56 mil demissões diretas”, lamentou o deputado.
Entre os principais problemas que afetam o setor, está a redução dos financiamentos por parte dos bancos privados. Houve um endurecimento na concessão de crédito para aquisição de veículos, pois as instituições bancárias temem a inadimplência e a dificuldade de reaver o bem, embora já exista uma lei que garanta essa retomada. Em consequência, conforme o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Alarico Assumpção, ficou mais difícil fazer um financiamento. “Hoje de cada 10 veículos, 7,5 precisam de financiamento, mas o que está acontecendo é que a cada 10 propostas encaminhadas, apenas 3 são aprovadas.”
Entre as demandas apresentadas ao ministro e ao vice-presidente, está a liberação de parte do compulsório focado diretamente para o aumento de financiamento de veículos, em especial para o Programa Sustentação do Investimento (PSI), e a implementação de propostas para o Programa de Modernização da Frota (Moderfrota).
Tanto Temer quanto Monteiro afirmaram que o governo está muito preocupado com as quedas nas vendas do setor, que tem uma importância grande para a economia do país. “O Programa de Renovação da Frota é uma proposta que merece toda a acolhida, pois é uma forma de reanimar o setor. Nossa posição é favorável a ele e vamos fazer o que for possível”, afirmou o ministro.
Programa Sustentação do Investimento
É uma linha de financiamento para aquisição de máquinas e equipamentos (inclusive agrícolas), ônibus, caminhões, chassis, caminhões-trator, carretas, cavalos-mecânicos, reboques e semirreboques. Os financiamentos são concedidos pelo BNDES e pela Financiadora de Estudos e Projetos e os recursos são subvencionados pela União (Finep). Para pequenas e médias empresas, há cobertura de 90% do valor do ônibus ou caminhão, sendo que 70% têm juros de 9,5% ao ano e sobre os outros 20% incidem 17%. Para as grandes empresas, o financiamento também é de 90%, sendo que sobre 50% incidem 10% de juros e sobre os outros 40% do valor do ônibus ou caminhão, os juros são de 17,5%. O prazo de pagamento é de seis anos.
No final do ano passado o governo destinou para ao BNDES R$ 30 bilhões para os financiamentos por Finame PSI a serem feitos em 2015. O valor foi insuficiente, uma vez que, em 2014, esse valor foi usado pelo banco em apenas dois meses. Com pouco dinheiro disponível, os bancos ficam mais rigorosos, a burocracia aumentou e os negócios diminuíram. Em 2015 a queda nas vendas de caminhões foi de 45% em relação a 2014. 77% dos caminhões novos vendidos no país são via Finame PSI.
Programa de Modernização da Frota
É uma linha de financiamento para aquisição de tratores, colheitadeiras, plataformas de corte, pulverizadores, plantadeiras, semeadoras e equipamentos para preparo, secagem e beneficiamento de café. Podem solicitar o financiamento os produtores rurais (pessoas físicas ou jurídicas) e suas cooperativas. As taxa de juros variam entre 7,5% a 9% ao ano. Os prazos de pagamento vão de 4 a 8 anos.