O Brasil ocupa o 1º lugar em recursos naturais no planeta. É naturalmente propício para o ecoturismo e o turismo de aventura, e reconhecido mundialmente por isso. Segundo o Fórum Econômico Mundial (WEF), 19% dos visitantes que vêm ao país apontam essas atividades como motivação central de sua viagem. Esse segmento turístico foi tema de audiência pública realizada na Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira, 21.
O presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Turismo (FrenTur), deputado federal Herculano Passos (PSD-SP), defendeu que o Brasil, um país de tamanho continental, precisa explorar melhor seu potencial neste segmento. “Penso que seja importante que se façam investimentos nos parques naturais no país, muitos dos quais hoje estão abandonados ou malcuidados e que poderiam estar sendo explorados para o turismo de aventura e o ecoturismo”, lamentou.
A Organização Mundial do Turismo (OMT) aponta que o segmento cresceu 65% de 2009 a 2013 e movimentou US$ 263 bilhões no mundo em 2013, mas, apesar de ser naturalmente favorável, o Brasil ainda não explora todo o seu potencial. Para o presidente da Embratur, Vinicius Lummertz, o país precisa ser reconhecido como uma potência em Ecoturismo e Turismo de Aventura e um destino de parques para o Planeta. Para isso, segundo ele, é necessário um novo modelo de gestão dos parques nacionais. “Nossa prioridade deve ser abrir os parques. Assinamos convênios e convenções internacionais que preveem visitação pública, mas o que vemos é que apenas os parques que foram concessionados recebem número relevante de turistas”.
A cessão destes espaços para a exploração da iniciativa privada foi uma das soluções apontadas durante a audiência pública. Isso porque o governo se vê obrigado a fechar parques, uma vez que não tem condições de manter a maioria deles. O Brasil possui 320 unidades de conservação, sendo 71 parques nacionais, que recebem por ano cerca de 6 milhões de turistas. Outro ponto é que apenas três parques nacionais recebem 70% da visitação de turistas e da arrecadação de R$ 27 milhões. São eles: o Parque Nacional da Tijuca, Parque Nacional do Iguaçu e o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. O segmento de Ecoturismo e Turismo de Aventura tem grande capacidade de geração de emprego e renda nos destinos, proporcionando à comunidade local ganhos de até 65% do custo total da viagem, enquanto o impacto gerado pelo turismo convencional é de 20%, em média.
Evandro Schutz, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta), registrou que essa é a única atividade que, independente do crescimento e da modernização, sempre vai precisar de profissionais trabalhando. “Somos uma economia criativa e sustentável, que defende a preservação dos ecossistemas. O turismo é capaz de gerar emprego e renda com volumes que as pessoas desconhecem. Se o modernizarmos não descartaremos mão de obra, mas geraremos maior demanda por capital humano”, finalizou Schutz.
Conforme o presidente da Associação das Prefeituras das Cidades Estância do Estado de São Paulo (Aprecesp), André Bozola, as cidades que têm um trabalho voltado para o turismo de preservação e de aventura não estão em dificuldade. “Cito o exemplo de um empresário de Socorro, interior de São Paulo, que no primeiro semestre deste registrou no seu parque crescimento de 25% em relação ao ano passado. Ele foi convidado para estar aqui hoje, mas não pode vir, pois está em Londres recebendo um prêmio pelo trabalho que vem desenvolvendo no Parque dos Sonhos. É um exemplo que deveria ser seguido no país”, relatou.
Turistas de natureza
Os turistas de aventura e de ecoturismo gastam, em média, US$ 3 mil por viagem, valor que representa quase o dobro da média geral. As viagens desse público duram em média 8 dias e eles estão dispostos a pagar mais por experiências emocionantes e autênticas.