O presidente do Grupo Parlamentar Brasil China, deputado federal Herculano Passos (PSD-SP), juntamente com o presidente de honra do Grupo, deputado William Woo (PV-SP), e o presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), receberam nesta terça-feira, 14, na Câmara Federal, uma Delegação Parlamentar da Assembleia Popular da Região Autônoma do Tibete.
Com o objetivo de intensificar as relações amistosas e o intercâmbio parlamentar entre os dois países, vieram ao Brasil o vice-presidente do Comitê Permanente da Assembleia Popular da Região Autônoma do Tibete, Xinza Danzengquzha; o deputado Gesang Renqing, membro da Comissão de Religião, Relações Exteriores e Assuntos dos Chineses Ultramarinos; e o deputado da Assembleia Nacional e Subdiretor-geral do Hospital Popular de Naqu do Tibete, Ciwang Rezeng.
Em reunião na presidência da Comissão de Relações Exteriores, o vice-presidente do Comitê, que também é considerado um Buda vivo, falou sobre as minorias que vivem no Tibete. Explicou que até 1951, quando ocorreu a chamada Libertação Tibetana, cerca de 95% da população era formada por servos e escravos. “Os servos tinham o direito de plantar ou criar cabras e ovelhas nas terras dos seus senhores e eram tratados como seres inferiores. Já os escravos não tinham dinheiro e viviam como se fossem meros animais que falavam. Isto acontecia também dentro dos templos budistas. Em 1959, com a Reforma Democrática, eles foram libertados e passaram a ter direitos, inclusive políticos”, contou.
No entanto, conforme Xinza Danzengquzha, o Tibete conseguiu um grande avanço econômico, saindo de um PIB equivalente a U$21 milhões, em 1951, para U$14 bilhões atualmente. “O Governo Central Chinês, dá grande importância às etnias menores, tanto que cada membro da Assembleia Nacional Popular da China é eleito pela representação de 600 mil pessoas. Mas, o Tibete, que tem 3,03 milhões de habitantes, elege 20 representantes.”
O Tibete está situado ao norte da cordilheira do Himalaia e é um território muito disputado. É considerado um dos lugares mais altos do mundo, com uma elevação de 4,9 mil metros de altitude, sendo chamado de “teto do mundo”. Apesar das disputas territoriais, o país é politicamente dependente da China.
O Poder Legislativo na China é unicameral, ou seja, não existe Câmara dos Deputados e Senado Federal, como no Brasil. Lá existe apenas um partido, o Partido Comunista Chinês. A Assembleia Popular Nacional é composta por 2.949 membros, eleitos indiretamente para um mandato de cinco anos, que se reúnem uma vez por ano, de 5 a 15 de março. Essa Assembleia possui um Comitê Permanente, composto por 175 membros, também com mandato de cinco anos, e que se reúnem durante uma semana, seis vezes ao ano.
Em 2006 foi assinado, em Brasília, o Memorando de Entendimento para o Estabelecimento de um Mecanismo Regular de Intercâmbio entre a Câmara dos Deputados da República Federativa do Brasil e a Assembleia da República Popular da China. Este Memorando prevê a indicação de Grupos Parlamentares de ambos os países para encontros oficiais anuais. A primeira reunião foi realizada em 2012, em Pequim.
Ao apresentar a delegação chinesa no Plenário da Câmara dos Deputados, o presidente do Grupo Parlamentar Brasil China, Herculano Passos, discursou sobre a importância da relação entre os dois países. “Este intercâmbio com a China tem que ser intensificados, pois o país é um exemplo para o mundo no avanço, na tecnologia, na geração de empregos e nas oportunidades”, elogiou. Passos é um grande incentivador da implantação de indústrias chinesas de tecnologia no Brasil. Em sua região, no interior de São Paulo, já funcionam duas multinacionais asiáticas, a Lenovo e a Flextronics e a Foxconn está em fase de implantação em Itu, município do qual o parlamentar foi prefeito por dois mandatos. “Queremos criar na minha região o Vale do Silício brasileiro. Nos EUA, as cidades que abrangem o Vale enriqueceram, pois aumentaram a empregabilidade local. É isso que queremos fazer apoiando a vinda destas empresas de tecnologia e as chinesas estão dispostas a implantar filiais aqui”, explicou o deputado.